like the life of the field =)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

SMILE





Ano novo, vida nova…

Para mim, esta expressão nunca teve sentido para além da expectativa das pessoas em concretizar os objectivos construídos à base de resoluções tomadas da noite para o dia. Como se um copo de champanhe e doze passas de uvas fossem mudar o que quer que fosse.

Ano novo, vida nova…

Algo sucede que permuta o rumo do nosso estado de espírito, mudando a maneira de afrontarmos a realidade, que certamente nem concebíamos ainda. Talvez este possa ser o início de uma nova vida. Quando os dias nos viram as costas e quando as noites nos encaram de frente, quando uma tia de 30 e poucos anos morre por negligência médica deixando o seu filho à mercê da sua jovem madrinha, quando é diagnosticado um tumor cerebral a um pai e os médicos nos afirmam que não vai durar até ao natal, quando um amigo se suicida a tiro de caçadeira, quando uma amiga diz que irá embora deste mundo antes da sua mãe porque o seu corpo não está a responder…

já não quero ver o mundo inteiro e pergunto-me quando é que esse espelho vai sorrir.

E porque o medo invade cada segundo que passa. Porque começo o meu dia a chorar, sigo para o trabalho com o peso do meu coração, porque os meus olhos escuros e vazios vêem crianças a nascer para comutar o lugar a outros que estão para morrer. E assim volto para casa com esperanças cheias de nada, regressando ao meu quarto frio, olhando para o espelho sem querer confirmar que a única pessoa que existe no meu mundo é aquele reflexo. E durmo, durmo até acordar para jantar, quando isso sobrevém. Ou então vejo um filme de comédia romântica onde possa, por uns instantes viver a vida de alguém a fim de esquecer a minha realidade. E durmo, durmo até acordar…

Quero gritar ao mundo inteiro ou pelo menos até à fronteira que nos separa mas algo obriga-me a permanecer calada com medo de acordar o presságio.


Dou voltas e voltas e não saio do mesmo…um pesadelo à noite que persisto viver durante o dia…surge o dia, o derradeiro dia. Entro no gabinete do médico, sinto os meus pulmões comprimidos, sangue quente a ferver circulando com tamanha força a corroer as paredes. Ouço a palavra…a tão temida. É o fim de tudo, ou melhor, o início do verdadeiro marasmo. LES!


Lúpus eritmatoso sistémico…uma doença auto-imune. O nosso próprio corpo rejeita-nos. Irónico não?

Quando ele bater com a cabeça é que ele vai aprender…não é o que se costuma dizer? Este foi o dia em que a realidade veio bater à minha porta. O dia em que aprendi a dar um verdadeiro valor a alguém. O dia em que os nossos papéis se inverteram. A filha a cuidar do seu pai.


Noites sem fim a ver filmes VHS deitada no sofá ao lado dos meus pais, dias inteiros a conceber filhoses ao som dos cantos populares da minha avó, tempos passados a viajar pela beira alta a ouvir os testemunhos passados do meu avô com os estudantes trovadores de capa negra da Velha Coimbra. E assim suspirámos os amores de um estudante. Tardes infinitas a jogar wii ao lado da prima que só vê duas a três vezes por ano, jantar de passagem de ano reunida com a sua família. Tentando dar um pouco de conforto à sua sabichona, pois a sua melhor amiga perde o seu pai que morre de cancro do pulmão. E que por acaso era um homem que admirava imenso, e que o tempo não deixou aproveitar essa fonte de humanidade, sabedoria e talento.


Para quê, vos digo, esperar que a realidade nos bata à porta? Experimentem agir hoje antes que a doença ou a morte vos separe. O meu pai tem LES…e agora? Vou chorar babas e ranhos por todos os cantos? A morte deste senhor saiu à rua de um dia para o outro. E como diz o sábio do povo, a vida são dois dias…não queiramos desperdiçá-los com melancolia exagerada!? Vou passar à frente do espelho, calçar o reflexo da Kelly a sorrir, para assim trazer dias felizes aos que nos restam.” Sorria, de que adianta chorar?” (Charles Chaplin)



Sorria

Sorria, embora seu coração esteja doendo

Sorria, mesmo que ele esteja partido

Quando há nuvens no céu,

Você conseguirá...

Se você sorrir

Com seu medo e tristeza

Sorria e talvez amanhã

Você descobrirá que a vida ainda vale a pena se você apenas...

Ilumine sua face com alegria

Esconda todo rastro de tristeza

Embora uma lágrima possa estar tão próxima

Este é o momento que você tem que continuar tentando

Sorria, de que adianta chorar?

Você descobrirá que a vida ainda continua

Se você apenas...

Se você sorrir

Com seu medo e tristeza

Sorria e talvez amanhã

Você verá que a vida continua

Se você apenas sorrir...

Este é o momento que você tem que continuar tentando

Sorria, de que adianta chorar?

Você descobrirá que a vida ainda continua

Se você apenas sorrir